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Um Conto Escolar - M.R. James - Dark Alley Traduções

Dois homens em uma sala para fumantes estavam conversando sobre seus tempos de escola particular.
— Na nossa escola — disse A. — tínhamos a pegada de um fantasma na escada. Como ela era? Ah, muito pouco convincente. Apenas a forma de um sapato, com bico quadrado, se bem me lembro. A escada era de pedra. Eu nunca ouvi nenhuma história a respeito. Isso parece estranho, pensando bem. Me questiono, por que ninguém inventou uma?
— Com garotos pequenos, nunca se sabe. Eles têm uma mitologia própria. A propósito, aí está um tema para você: "O Folclore das Escolas Particulares".
— Sim. As fontes são um tanto quanto escassas, no entanto. Imagino que, se você investigasse o ciclo das histórias de terror que, por exemplo, os meninos de escolas particulares contam uns para os outros, elas acabariam sendo versões altamente compactadas de histórias de livros.
— Hoje em dia as de Strand e de Pearson, e assim por diante, devem ser amplamente utilizadas.
— Sem dúvida. Elas não haviam sido publicadas ou sequer escritas no meu tempo. Vamos ver. Me pergunto se consigo me lembrar das principais que eu ouvia. Primeiro, havia a casa com um quarto no qual várias pessoas insistiam em passar a noite. Cada uma delas, pela manhã, era encontrada ajoelhada em um canto, para apenas dizer, "Eu vi", e então morrer.
— Não era a casa na Praça Berkeley?
— Ouso dizer que sim. Depois, houve o homem que ouviu um barulho no corredor à noite, abriu a porta e viu alguém rastejando de quatro em sua direção, com os olhos pendurados batendo nas bochechas. Além disso, havia... deixe-me pensar... sim! O quarto onde um homem foi encontrado morto na cama com uma marca de ferradura na testa, e o chão embaixo da cama também estava coberto de marcas de ferraduras. Não sei por quê. Também havia a senhora que, ao trancar a porta de seu quarto em uma casa estranha, ouviu uma voz fina entre as cortinas da cama dizer, "Agora estamos trancados a noite toda". Nenhuma delas teve qualquer explicação nem continuação. Eu me pergunto se elas ainda perduram, essas histórias.
— Ah, provavelmente, com acréscimos das revistas, como eu disse. Você nunca ouviu falar de um fantasma real em uma escola particular, ouviu? Pensei mesmo que não, ninguém que conheci ouviu.
— Pela forma como você falou, achei que já tivesse conhecido alguém.
— Eu realmente não conheço, mas isso não saía da minha cabeça. Aconteceu na minha escola particular há trinta e tantos anos e não tenho nenhuma explicação a respeito:
A escola a que me refiro ficava perto de Londres. Foi estabelecida em uma casa grande e razoavelmente antiga. Um grande edifício branco com um belo terreno. Havia grandes cedros no jardim, como em muitos dos jardins mais antigos do vale do Tâmisa, e também olmos muito antigos nos três ou quatro campos que usávamos para nossos jogos. Eu acho que provavelmente era um lugar bastante atraente, mas os meninos raramente permitem que suas escolas possuam características aceitáveis.
Fui para a escola em setembro, logo após o ano de 1870, e entre os garotos que chegaram no mesmo dia estava um com quem me identifiquei: um garoto das montanhas, a quem chamarei de McLeod. Não preciso gastar tempo descrevendo-o, basta saber que o conheci muito bem. Ele não era um garoto excepcional de forma alguma — não era particularmente bom em livros ou jogos — mas nos dávamos muito bem.
A escola era grande, contendo provavelmente entre 120 e 130 meninos. Tal característica demandava um grande número de professores, e havia frequentes mudanças no quadro.
Um semestre — talvez fosse meu terceiro ou quarto — um novo professor apareceu. O nome dele era Sampson. Ele era um homem alto, robusto, pálido e de barba negra. Acho que gostávamos dele, pois era muito viajado e tinha histórias que nos divertiam nas caminhadas pela escola, tanto que brigávamos pelos lugares mais próximos a ele, em que podíamos ouvir com mais clareza. Também me lembro — meu Deus, quase não pensei nisso desde então! — que ele tinha um amuleto em sua corrente de relógio o qual uma vez atraiu minha atenção, e ele me deixou examiná-lo. Suponho agora que fosse uma moeda de ouro bizantina. Havia uma efígie de algum imperador tirânico de um lado, enquanto o outro já estava praticamente liso. Na parte lisa, ele entalhara — de maneira certamente tosca — suas iniciais, GWS, e uma data, 24/07/1865. Sim, agora me lembro: ele me disse que a havia apanhado na Constantinopla. Era do tamanho de um florim, talvez um pouco menor.
Bem, esta foi a primeira coisa estranha que aconteceu: Sampson estava nos ensinando gramática latina, e um de seus métodos favoritos - talvez fosse um bom método - era fazer com que inventássemos frases para ilustrar as regras que ele estava tentando nos fazer aprender. É claro que isso é uma coisa que dá a um garoto bobo a chance de ser impertinente. Há muitas histórias de escola em que isso acontece (ou deve haver, ao menos) mas Sampson era muito bom disciplinador para pensarmos em tentar isso com ele. Agora, nessa ocasião, ele estava nos dizendo como expressar a lembrança em latim, e ordenou que cada um criasse uma frase trazendo o verbo memini, latim para "lembrar". Bem, a maioria de nós inventou frases comuns como "Lembro de meu pai" ou "Ele se lembra de seu livro", ou algo igualmente desinteressante. Ouso dizer que alunos demais escreveram memino librum meum, mas assim seguimos. 
O garoto que mencionei — McLeod — estava, no entanto, evidentemente pensando em algo mais elaborado. O resto de nós só queria que nossas frases fossem aprovadas para seguirmos adiante, então alguns começaram a chutá-lo por debaixo da mesa, e eu, que estava ao lado dele, o cutuquei e sussurrei para ele apressar, mas ele não parecia se deixar abalar. Olhei para a folha de papel dele e vi que estava em branco, então o cutuquei novamente, mais forte do que antes, e o repreendi bruscamente por nos deixar esperando. Só assim obtive resultado. Ele pareceu finalmente despertar e, muito rapidamente, rabiscou algumas linhas em seu papel e o colocou junto aos dos outros. Como foi o último, ou quase o último, a entregar, e como Sampson tinha muito a dizer aos garotos que escreveram meminiscimus patri meo e o resto, aconteceu que o relógio bateu doze horas antes que ele chegasse à frase de McLeod, então ele teve que esperar depois do horário para que sua frase fosse corrigida. Não havia nada interessante no pátio quando saí, então esperei por ele. Quando veio, andava muito devagar, então imaginei que houvesse algum problema. 
— Bem — eu disse — qual foi sua nota? 
— Ah, não sei — disse McLeod — nada demais, mas acho que Sampson está um pouco irritado comigo.
 — Por que? Você escreveu alguma besteira? 
— Isso não — disse ele — Até onde sei estava tudo certo. Era algo que começava com memento, que é uma forma de "lembrar", e então completei: memento putei inter quatuor taxos
— Que besta! — eu disse. — O que o levou a pensar nisso? O que isso significa? 
— Essa é a parte engraçada — disse McLeod — Não tenho muita certeza do que significa, só sei que veio à minha mente e eu escrevi. Acho que sei o que significa, porque, pouco antes de escrever, veio uma espécie de imagem na minha cabeça. Acredito que queira dizer "Lembre-se do poço entre os quatro...", quais são aquelas árvores escuras que têm frutinhas vermelhas? 
— Acho que são tramazeiras.
— Eu nunca ouvi falar dessas — disse McLeod — Vou te contar o nome: teixos. 
— Certo, e o que Sampson disse? 
— Ele ficou muito esquisito. Quando ele leu, levantou-se, foi até a lareira e ficou um bom tempo sem dizer nada, de costas para mim. E então ele disse, sem se virar, e com uma voz muito baixa,"O que você acha que isso significa?" Eu disse a ele o que eu achava, só que eu não conseguia lembrar o nome da maldita árvore. Ele queria saber, então, por que eu escrevi aquilo, e eu tive que inventar alguma coisa pra dizer. Depois disso, ele encerrou o assunto e me perguntou há quanto tempo eu estava aqui, onde minha família morava e coisas assim. Após isso eu saí, mas ele não parecia nada bem.
Não me lembro do que mais conversamos a respeito disso. No dia seguinte, McLeod adoeceu por causa de um resfriado ou algo do tipo, e levou uma semana ou mais para voltar à escola. Cerca de um mês se passou sem que nada acontecesse. Se o Sr. Sampson ficou realmente incomodado ou não, como McLeod pensara, ele não demonstrou. Agora, depois de muito tempo, com certeza considero seu passado muito estranho, mas não vou fingir que nós, meninos, éramos espertos o suficiente para pensar nisso.
Houve outro incidente do mesmo tipo do último sobre o qual lhe contei. Várias vezes, desde aquele dia, tivemos que inventar exemplos na escola para ilustrar regras diferentes, mas nunca houve problemas, exceto quando errávamos. Por fim, chegou o dia em que estávamos aprendendo sobre as tenebrosas Orações Condicionais, e fomos ordenados a exemplificar expressando uma consequência futura. Fizemos, certo ou errado, entregamos nossas tiras de papel, e Sampson começou a examiná-las. De repente, ele se levantou, emitiu um ruído estranho com a garganta e saiu correndo por uma porta que ficava logo ao lado de sua mesa. Ficamos ali por um minuto ou dois e depois — acho que isso foi errado — nos aproximamos, eu e mais um ou dois colegas, para olhar os papéis em cima da mesa. É claro que pensei que alguém devia ter escrito alguma bobagem qualquer e Sampson saiu para contar ao diretor. Porém, notei que ele não tinha levado nenhum dos papéis. 
Bem, o papel no topo da pilha estava escrito em tinta vermelha — que ninguém usava — e não tinha a assinatura de nenhum aluno. Todos o viram — McLeod e os outros — e juraram por suas vidas que não era deles. Então tive a ideia de contar os pedaços de papel, e aí tive certeza de que falavam a verdade: havia dezessete pedaços de papel sobre a mesa, mas apenas dezesseis meninos na classe. Bem, peguei o papel extra e o guardei, e acredito que ainda o tenha. 
Agora você vai querer saber o que estava escrito nele. Era bastante simples e inofensivo, ao menos para mim. "Si tu non veneris ad me, ego veniam ad te", o que significa, suponho, "se você não vier a mim, eu irei até você".
— Você poderia me mostrar o papel? — interrompeu o ouvinte.
— Sim, eu poderia, mas há outro detalhe estranho na história. Naquela mesma tarde, retirei-o do meu armário — tenho certeza de que era o mesmo, pois deixei uma marca de dedo nele — e não havia nenhum sinal de escrita de qualquer tipo. Eu o guardei, como disse, e desde então fiz várias experiências para verificar se alguma tinta secreta teria sido usada, todas absolutamente sem resultado.Muito trabalho para nada. 
Depois de meia hora, Sampson voltou à sala, disse que se sentia muito mal e nos dispensou. Ele aproximou-se cautelosamente de sua mesa e deu apenas uma olhada no papel do topo da pilha. Suponho que ele pensou ter delirado, mas de qualquer maneira não fez perguntas.
Ficamos de folga o resto do dia, e no dia seguinte Sampson estava na escola novamente, como sempre. Naquela noite, o terceiro e último incidente da minha história aconteceu.
Nós — McLeod e eu — dormíamos em um dormitório perpendicular ao edifício principal, em cujo primeiro andar ficava o quarto de Sampson. Havia naquela noite uma lua cheia muito brilhante. Não lembro exatamente que horas eram, mas provavelmente entre uma e duas da manhã, fui acordado por alguém que me sacudia. Era McLeod, e ele parecia extremamente alarmado. 
— Vem ver — disse ele — vem ver! Tem alguém entrando pela janela do Sampson. 
Assim que pude falar, eu disse: 
— Tá, e por que você não gritou para acordar todo mundo? 
— Não, não — disse ele — não tenho certeza de quem é. Não faça barulho. Venha ver.
Obviamente eu levantei para olhar, e obviamente não havia nada para ver. Eu fiquei muito zangado e queria xingar McLeod com todos os nomes bonitos que eu conhecia. No entanto — eu não sabia por que — parecia-me que havia algo errado, algo que eu com certeza não gostaria de encarar sozinho. Ainda estávamos na janela olhando para fora e, assim que pude, perguntei o que ele tinha ouvido ou visto.
 — Eu não ouvi nada — disse ele — mas cerca de cinco minutos antes de te acordar, estava olhando pela janela e vi um homem sentado ou ajoelhado no peitoril da janela de Sampson, olhando para dentro e, ao que me parecia, acenando. 
— Como era esse homem? 
McLeod se contorceu. 
— Eu não sei — disse ele — mas posso lhe dizer uma coisa: ele era absurdamente magro, parecia estar todo molhado e — continuou, olhando em volta e sussurrando como se não quisesse ouvir as próprias palavras — não tenho certeza de que estava vivo.
Continuamos conversando em sussurros por mais algum tempo e acabamos voltando para nossas camas. Nesse tempo ninguém mais no quarto acordou ou sequer se virou na cama. Acredito que dormimos pouco tempo depois, mas acordamos quebrados pela manhã.
No dia seguinte, o Sr. Sampson desapareceu. Não estava em lugar algum e creio que ninguém teve notícias dele desde então. Ao pensar no assunto, uma das coisas mais estranhas a respeito disso me pareceu ser o fato de que nem McLeod nem eu mencionamos o que vimos a mais ninguém. É claro que ninguém perguntou sobre o ocorrido e, se perguntassem, sou inclinado a acreditar que não poderíamos ter respondido. Parecíamos incapazes de falar sobre o assunto.
— Essa é a minha história — disse o narrador. É única história que conheço relacionada a fantasmas em uma escola, mas acho que é uma das boas.
A sequência dos eventos pode ser considerada demasiadamente conveniente, mas existe uma sequência e, portanto, deve ser reproduzida. Havia mais de um ouvinte na história e, no último semestre do mesmo ano ou do ano seguinte, um desses ouvintes estava hospedado em uma casa de campo na Irlanda.
Uma noite, seu anfitrião estava revirando uma gaveta repleta de artigos muito peculiares na sala de fumantes. De repente, ele colocou a mão em uma caixinha. 
— Olha — ele disse — você que entende de antiguidades, me diga o que é isso. 
Meu amigo abriu a caixinha e encontrou nela uma fina corrente de ouro com um objeto preso a ela. Ele olhou para o objeto e depois tirou os óculos para examiná-lo mais de perto. 
— Qual é a história por trás disso? — ele perguntou. 
— Uma estranha o suficiente — foi a resposta — Você conhece o bosque dos teixos em meio ao matagal. Bem, um ou dois anos atrás estávamos limpando o velho poço que costumava ficar em uma clareira, e o que você acha que encontramos?
— É possível que tenham encontrado um corpo? — disse o visitante, com uma estranha sensação de nervosismo.
— Exatamente, e mais do que isso. Por absurdo que pareça, encontramos dois.
— Meu Deus do céu! Dois? Alguma pista de como eles foram parar lá? Isso aqui foi encontrado com eles?
— Sim, foi. Entre os trapos das roupas que estavam em um dos corpos. Foi uma má ideia, qualquer que seja a história por trás. Um corpo tinha os braços apertados em volta do outro. Eles ficaram lá trinta anos ou mais, desde muito antes de chegarmos a este lugar. Pode ter certeza de que lacramos o poço com velocidade nunca antes vista. Você consegue identificar algo do que parece estar gravado nesta moeda de ouro?
— Acho que consigo — disse meu amigo, segurando-a contra a luz (mas leu sem muita dificuldade) — parece ser GWS, 24/07/1865.


A School Story
M.R. James (1911)
Lucas Dias (2020)




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