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Coisas da Lua - H.P. Lovecraft - Dark Alley Traduções

E u odeio a lua - tenho medo dela - porque quando despeja seu brilho em certos cenários conhecidos e amados, às vezes os torna estranhos e hediondos. Foi em um verão espectral que a lua brilhou sobre o antigo jardim por onde eu vagava; o verão espectral de flores narcóticas e mares de folhagem úmida que trazem sonhos selvagens e coloridos.  Ao caminhar próximo ao córrego raso e cristalino, observei estranhas ondulações pinceladas com luz amarela, como se aquelas águas plácidas fossem levadas por correntes irresistíveis a estranhos oceanos que não fazem parte desse mundo. Silenciosas e cintilantes, brilhantes e ameaçadoras, aquelas águas amaldiçoadas pela lua fluíam rumo ao desconhecido. Das árvores que margeavam, botões brancos de flores de lótus flutuavam um a um no vento opiáceo da noite, e em desespero caíam no riacho, rodopiando agonizantes sob a ponte arqueada e entalhada, olhando para fora com a sinistra resignação vista em rostos mortos e calmos. Desatei a correr pela

Conde Magnus - M.R. James - Dark Alley Traduções

D e que forma chegaram às minhas mãos os materiais que condensei nesta história é a última coisa que o leitor descobrirá nestas páginas. Porém, é necessário esclarecer o formato em que esses materiais se encontram. Eles consistem principalmente em uma série de coleções de livros de viagens, produtos comuns nos anos quarenta e cinquenta. O Diário de Residência em Jutland e nas Ilhas Dinamarquesas de Horace Marryat é um bom exemplar deste tipo de material. Com ilustrações criadas em xilogravura e calcogravura, esses livros geralmente abordavam partes desconhecidas do continente, detalhavam acomodações de hotéis e formas de comunicação, como vemos em muitos guias de viagens atualmente, e consistiam principalmente de transcrições de diálogos com estrangeiros inteligentes, estalajadeiros entusiasmados, camponeses tagarelas, simplesmente conversadores em geral. Apesar de iniciarem como fonte de material para tal espécie de livro, os documentos assumiam, conforme progrediam, caracterí

Os Gatos de Ulthar - H.P. Lovecraft - Dark Alley Traduções

D izem que em Ulthar, que fica além do rio Skai, não se pode matar gatos; e nisso acredito piamente ao olhar aquele que ronrona próximo ao fogo. O gato é enigmático, e muito próximo a coisas estranhas que os homens não podem ver. Ele é a alma do antigo Egito e portador de histórias de cidades esquecidas como Meroe e Ophir. Ele é parente dos reis da selva, e herdeiro dos segredos da sombria e sinistra África. A Esfinge é sua prima e ele fala a língua dela, mas ele é ainda mais antigo e lembra-se daquilo que até ela já esqueceu. Em Ulthar, antes de os oficiais proibirem o abate de gatos, viviam um velho fazendeiro e sua esposa, os quais adoravam prender e matar os gatos de seus vizinhos. Por que eles faziam isso, não sei; além de que muitos odeiam os gritos dos gatos durante a noite e não gostam que os gatos corram sorrateiramente por seus quintais e jardins ao crepúsculo. Mas, seja qual for o motivo, esse casal de velhos tinha prazer em aprisionar e matar todos os gatos que se ap